A acessibilidade nos cinemas ainda enfrenta desafios significativos, especialmente quando se trata de oferecer sessões inclusivas para pessoas com diferentes tipos de deficiência. Atualmente, as opções de acessibilidade são limitadas e, na maioria das vezes, distribuídas em horários fixos, sem considerar a demanda específica dos espectadores.
A ideia mais viável de melhorar o acesso coletivo, com todos os avanços já conquistados até este ano de 2025, seria a implementação de um agendamento flexível com Inteligência Artificial, capaz de ajustar dinamicamente os horários das sessões de acordo com as solicitações de acessibilidade dos usuários. Esse sistema permitiria que, ao acessar o site ou aplicativo do cinema, um espectador pudesse selecionar os recursos necessários, como legenda descritiva, dublagem, Libras, entre outros. Caso outro usuário, com necessidades distintas, fizesse uma solicitação para o mesmo ou um horário próximo, o algoritmo reorganizaria a grade de exibição para atender a ambos sem comprometer a distribuição geral das sessões.
Além disso, essa programação dinâmica permitiria que outros clientes, com ou sem deficiência, encontrassem horários otimizados, evitando que sessões acessíveis ficassem restritas a momentos menos concorridos ou menos convenientes.
As empresas cinematográficas não podem alegar que essa adaptação é inviável ou que a acessibilidade coletiva não pode ser atendida. Pelo contrário, a tecnologia já permite diversas soluções que podem ser personalizadas para cada espectador, sem impacto negativo na experiência dos demais. Dispositivos como aro magnético para pessoas ensurdecidas, cadeiras vibratórias para pessoas com surdez profunda e aplicativos de audiodescrição já existem e podem ser integrados ao sistema de exibição, assim como auxiliam aqueles que têm sensibilidade a sons e utilizam abafadores. Com a combinação desses recursos e um modelo de programação flexível, é possível garantir um cinema verdadeiramente inclusivo.
Vale lembrar que o SAP (Second Audio Program – o áudio original) vai entrar nessa grade de programação em cartaz também como direito de se ter a sessão sem recursos adicionais, conforme a NBR 15.290 que cita cinco ferramentas que são: Audiodescrição; Dublagem; Legenda Descritiva; Libras e SAP.
É bom lembrar que a NBR 9050 entra também para acessibilidade ao meio ambiente: espaço reservado para cadeiras de rodas; pessoas com mobilidade reduzida e pessoas obesas; quanto a esse último, existem também parâmetros para cadeira com tamanho maior.
São 45,6 milhões de brasileiros que têm alguma deficiência, segundo o Censo do IBGE 2010, assim distribuídos conforme os tipos de deficiência: 35,5 milhões são cegos; 13,3 milhões são usuários de cadeiras de rodas; 9,7 milhões são surdos; e 2,7 milhões são pessoas com deficiência intelectual.
Na prática, como seria um agendamento que garanta a acessibilidade coletiva sem comprometer a experiência cinematográfica? Segue em exemplo: implementamos um agendamento flexível, permitindo que pessoas com deficiência escolham sessões acessíveis dentro de uma cota semanal: para filmes nacionais: até número de x% das sessões podem ser legendadas (LSE) mediante solicitação; até x% das sessões podem ser exibidas com Libras mediante solicitação; e o restante das sessões segue o modelo padrão (SAP – áudio original). Para filmes internacionais: até x% das sessões podem ser legendadas (LSE) mediante solicitação; até x% das sessões podem ser exibidas com Libras mediante solicitação. Os espectadores podem solicitar sessões legendadas ou em Libras com até uma semana de antecedência.
Caso não haja solicitação, as sessões seguem o padrão estabelecido pelo exibidor (Dublagem, Legenda, Libras ou SAP) e o uso do aplicativo de acessibilidade fica disponível para quem precisar. Caso a cota de sessões legendadas ou em Libras não seja preenchida, a escolha do formato fica a critério do exibidor.
Para flexibilizar ainda mais, há sugestão de compartilhamento de sessões acessíveis entre empresas e cidades, otimizando o acesso, diferentes redes de cinema podem coordenar e compartilhar sessões acessíveis entre si. Isso significa que: se a Empresa A em uma cidade tiver baixa demanda por sessões legendadas, mas a Empresa B, na mesma cidade ou em outra, tiver maior procura, o sistema pode redistribuir as sessões para melhor atender ao público.
O compartilhamento de sessões entre cinemas parceiros garante que o público encontre mais opções acessíveis, independentemente da cidade em que a pessoa esteja. A programação flexível pode ser exibida em um portal centralizado, permitindo que os espectadores encontrem sessões acessíveis dentro de sua região ou em cidades próximas.
Com a tecnologia e os sistemas de inteligência artificial disponíveis atualmente, essa adaptação é viável e pode representar um grande passo na democratização do acesso ao cinema. Dessa forma, todos poderiam desfrutar da experiência cinematográfica sem barreiras, promovendo a equidade no entretenimento e garantindo que a acessibilidade se torne um padrão efetivo e integrado às práticas do setor. Essa implementação, além de economicamente viável, traria benefícios tanto para exibidores quanto para público.
Assim, essa ideia deve ser divulgada, sobretudo entre os profissionais como: os cientistas de dados (Data Scientists); engenheiros de Machine Learning (Machine Learning Engineers); desenvolvedores de software (Software Developers); e especialistas em UX/UI (User Experience/User Interface) e entre outros profissionais. Então, as pessoas com deficiência ainda estão aqui esperando a acessibilidade nos audiovisuais há 21 anos!
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Essas inovações apontam para enormes alegrias, para todos que acompanham os êxitos dessa Campanha que completa 20 anos!
Obrigado, Ivo! 🙂
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Exatamente, Michelle! Por isso levo essa proposta para consulta pública da ANCINE para debater sobre isso no final do semestre! Obrigado pelo comentário!